12/05/2006

Uvas Tannat e as “procianidinas”

Matéria publicada no caderno Ciência do Jornal Folha de São Paulo30/11/2006 - 12h15

Uva de vinhos uruguaios protege mais as coronárias MARCELO LEITEColunista da Folha de S.PauloNinguém precisa de mais um bom motivo para abrir uma garrafa do vinho tinto produzido com a cepa de uvas Tannat, com alto teor alcoólico e aromas de "frutas vermelhas". Cientistas britânicos, no entanto, acrescentaram mais um à lista: a variedade é uma das que mais protegem o coração.Os produtores do Uruguai vão adorar a notícia publicada na edição de hoje da "Nature". O país é o principal reduto da uva, originária da França. Após a introdução da Tannat, em 1870, a cepa responde pela maior parte dos 95 milhões de litros ali produzidos anualmente.Jorge Carrara/Folha Imagem Vinhos Tannat têm de duas a quatro vezes mais atividade biológica de procianidinas O grupo de Roger Corder, da Queen Mary University, investigou vários compostos do vinho tinto --os chamados polifenóis-- candidatos a maiores responsáveis pela já comprovada proteção.A pesquisa queria saber quais frações dos polifenóis inibiam melhor, em certas células das artérias coronárias, a produção da endotelina-1 (ET-1), um vasoconstritor. Os polifenóis inibem a ET-1 e facilitam o fluxo de sangue.A análise química indicou que os polifenóis mais ativos do vinho tinto são as procianidinas --taninos condensados presentes em alta concentração, de até 1 g/l, em vinhos Tannat.Os britânicos compararam vinhos de regiões européias com alta longevidade na população com vinhos de outras partes. Chegaram à Província de Nuoro, na Sardenha, e ao Departamento de Gers, no sudoeste francês, ambos detentores de invejáveis expectativas de vida --em particular, entre homens. Além da predileção por Tannat, sobrevivem na região métodos tradicionais de produção vinícola que favorecem a extração de procianidinas das sementes de uva. Seus vinhos tinham de duas a quatro vezes mais atividade biológica e concentração dessas substâncias que em outros estudados