5/27/2011

Êta paisinho.....



Se falo certo,
Tô errado,
Se falo errado,
Tô diplomado,
Porque nesse Brasil,
O bom é ser analfabetizado...

Se sou hetero,
tô errado,
Se sou gay,
Tô valorizado,
Porque nesse Brasil,
Anda tudo meio afrescalhado...

Se elogio uma mulher,
É assédio, tô errado,
Mas, se ignoro, coitado
Tô lascado, me chamam de viado
Porque nesse Brasil,
Anda tudo muito politizado...

Se faço brincadeira na escola,
Tô errado,
Se não faço, fazem comigo
Tô lascado,
Porque nesse Brasil,
Anda tudo bullynguizado...

Já não sei o que fazer,
Se posso me virar ou me mexer,
Se devo andar de frente ou de lado,
Êta paisinho de merda danado!

5/20/2011

A árvore dos problemas




Esta é uma história de um homem que contratou um carpinteiro para ajudar a arrumar algumas coisas na sua fazenda.

O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil. O pneu da seu carro furou e ele deixou de ganhar uma hora de trabalho. A sua serra elétrica quebrou, ele cortou o dedo, e finalmente, no final do dia, o seu carro não funcionou.

O homem que contratou o carpinteiro ofereceu uma carona para casa e, durante o caminho, o carpinteiro não falou nada.

Quando chegaram a sua casa, o carpinteiro convidou o homem para entrar e conhecer a sua família. Quando os dois homens estavam se encaminhando para a porta da frente, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos. Depois de abrir a porta da sua casa, o carpinteiro transformou-se. Os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso, e ele abraçou os seus filhos e beijou a sua esposa.

Um pouco mais tarde, o carpinteiro acompanhou a sua visita até o carro. Assim que eles passaram pela árvore, o homem perguntou por que ele havia tocado na planta antes de entrar em casa.

"Ah", respondeu o carpinteiro, "esta é a minha planta dos problemas.

"Eu sei que não posso evitar ter problemas no meu trabalho, mas estes problemas não devem chegar até os meus filhos e minha esposa. Então, toda noite, eu deixo os meus problemas nesta árvore quando chego em casa, e os pego no dia seguinte."

"E você quer saber de uma coisa? Toda manhã, quando eu volto para buscar os meus problemas, eles não são nem metade do que eu me lembro de ter deixado na noite anterior..."

5/16/2011

O silêncio de todos nós



“Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores e matam o nosso cão. E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque nunca dissemos nada, já não poderemos dizer mais nada”. Esse texto reflexivo é creditado ao poeta russo Maiakovski em alguns locais da internet, mas em outros, os créditos vão para Eduardo Alves da Costa. Seja quem for o autor, não diminui a eloquência dele.
De todas as partes do mundo nos chegam noticias aterradoras. Guerras desnecessárias, assaltos, incestos, pedofilia, crimes bárbaros. Mata-se por nada. A vida vale menos do que um celular, um par de tênis ou uma carteira com cheques e cartões.
Alunos agridem professores, não só verbalmente, mas chegam a lesioná-los fisicamente. Filhos matam pais e pais assassinam os próprios filhos. Amante revoltada estrangula a filha do namorado por não controlar o ciúme. Mãe joga filha recém nascida no lixo alegando que não podia cuidar dela porque ganhava pouco.
A humanidade está gravemente enferma e não existe um remédio eficiente para combater o mal que a acomete.
Os prognósticos não são nada bons. Como trazer à luz tantas pessoas envoltas nas trevas? Existe um remédio, uma poção mágica, uma varinha de condão que transforme a aura do planeta?
Violam-se regras, atropelam-se princípios éticos, morais, espirituais e jurídicos. O exemplo vem até de quem deveria zelar por esses valores. E o povo acata sem se rebelar. Como bois rumo ao matadouro, seguimos calados, entorpecidos, sem ação.
Se a coisa anda ruim entre os humanos, imaginem com os animais, criaturas que não podem se defender, à mercê da raça humana.
Uma cadela idosa foi assassinada a vassouradas dentro do portão da residência dos donos. Um cão pit bull foi amarrado com tiras de borracha e jogado num córrego para morrer aos poucos. A farra do boi continua na semana santa, as brigas de galo, rodeios, e outras contravenções são realizadas à revelia das leis que as proíbem.
Sinto que as pessoas perderam a capacidade de se indignar. Engolem todo o bolo indigesto e acabam aceitando a violência sem reagir. Criam uma couraça de indiferença para não sofrer. O coração endurece. Não é comigo, então, vamos prosseguir a vida. Não foi meu filho, não foi meu cão, a guerra não é no meu país.
E assim, a violência se agiganta, adubada pela nossa apatia e pela impunidade.
Perdemos a capacidade de reagir? Extinguiu-se a nossa faculdade de ficar indignados? Desaprendemos como clamar por justiça e como cobrar das autoridades a aplicação das leis que existem “para inglês ver”? Não possuímos mais o dom da compaixão? Afinal, somos gente ou robôs?
Manter-se neutro ajuda o opressor e não a vítima. E nem sempre o silêncio é de ouro, às vezes é preciso falar, gritar, vociferar, protestar em altos brados, engrossar o coro com outras vozes indignadas e fazer com que ecoem pelo mundo e cheguem aos ouvidos de quem pode mudar o rumo das coisas.
Dizem que se peca por pensamentos, palavras e obras, mas acrescento: peca-se por omissão também. Urge que se concretizem ações!

Texto Ivana Maria França de Negri é escritora

5/09/2011

O auto-retrato



No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!